quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Memórias de um escritor quase fracassado


Manhã de dezembro de 1997... -
Talvez um dia igual aos outros, mas para Frederico está manhã de dezembro era decisiva. A resposta ou a porta de seus sonhos que se feicharia.
Ele estava um pouco pertubado, até se sentia incapaz, pois havia passado boa parte da
noite buscando o que perdeu a alguns dias. Frederico não era como os outros jovens de dezesseis anos, ele era um garoto podemos dizer que muito decidido, porém muito solitário quando se tratava de suas vontades.
Como já havia dito antes, ele andava meio perturbado em busca de algo... Algo? É Frederico tinha uma enorme paixão pelas palavras, se perdia entre livros e seus cadernos onde escrevia seus textos e suas anotações. Só que de uns tempos para cá ele não conseguia sequer escrever, por mais que se esforçasse. Era como se algo impedisse suas idéias, e isso o magoava tanto, a cada dia ele estava sentindo mais e mais incapaz.
Nessa manhã de dezembro Frederico não sentiu vontade de ir ao colégio, ficou em casa, arrumou seu quarto e viajou entre pensamentos o resto da tarde. Quando o relógio de sua sala marcou seis e meia da tarde, ele se deu conta de que havia ficado a tarde toda em seu sofá sem fazer nada, absolutamente nada. Só preso em pensamentos. Então sua mãe chegou do trabalho... acho que me esqueci de citar que ele é filho único, sua mãe solteira, ficou grávida de Frederico muito cedo, por isso teve de começar a trabalhar quando ainda jovem e com um filho para criar. Podemos concordar em uma coisa, Frederico sempre sentiu falta de pessoas ao seu lado desde pequeno, só encontrava com sua mãe de noite quando ela voltava do trabalho. Então seu único refúgio para não se sentir sozinho, sempre eram as palavras.
... então quando sua mãe entrou em casa ela o olhou cuidadosamente e disse:
- Meu filho querido! senti sua falta hoje sabia? te liguei umas duas vezes e você não atendeu. Por um acaso saiu para algum lugar?
E então assustado, pois ficou confuso a tarde toda e nem ouviu o telefone tocar.
- Mãe! também senti sua falta, me desculpe pelo telefone acho que não o ouvi tocando.
A mãe de Frederico estranhou e muito, pois como eles passavam pouco tempo juntos ela não sabia muito sobre o que acontecia com o filho, quase não conversavam sobre os problemas pessoais, mas ela costumava ligar todas as tardes para falar com ele. E bem que notou que seu filho andava um pouco estranho já tinha uns dias.
- Frederico, você não está me escondendo algo, está? Bem que percebi você um pouco estranho já tem um tempinho.
E antes que sua mãe continuasse interrogatório, disse rapidamente quase engolindo as palavras uma por uma.
- Ah! não se preocupe, eu estou bem... só ando um pouco cançado com o colégio. E falando nisso estou indo para meu quarto estudar.
A sua mãe achou que isso tudo estava muito misterioso, mas pouco tempo depois se
convenceu de que não devia ser nada, afinal um garoto tão dedicado aos estudos é
até normal que se canse as vezes.
Enquanto isso Frederico estava em seu quarto deitado em sua cama e pensando em algo para passar ao papel. Parecia que sua vontade de pegar suas folhas e seu lápis era tão grande, mas não saia nada, nada. E nessa noite ele ficou ali novamente pensando. Pouco tempo depois, se levantou, foi até sua escrivaninha de livros, pegou suas pastas e cadernos com seus textos e anotações, ele até estava com um pouco de receio. Olhou a pasta de seus textos mais antigos, textos de quando ele havia encontrado sua verdadeira paixão pelas palavras. Então começou olhar as folhas, eram folhas brancas escritas a lápis. Frederico sentiu algo tão forte dentro dele, seus coração batia mais rápido agora... foi então que ao meio de todas aquelas folhas brancas ele encontrou uma de outra cor, ela era amarela e diferente das outras, ele então olhou em letras bem grandes e leu "Aquarela de um sonho sem fim", estranho! ele não se lembrava dessa folha e muito menos dessa poesia. Impossível negar, pois aquela letra era mesmo a dele... então percebeu que no cantinho estava escrito assim:
"Nem sempre sou igual no que digo e escrevo,
mudo, mas não mudo muito!"
Era como se uma força maior tomasse conta de Frederico, naquele instante ele teve a certeza de que as palavras e a sua inspiração não estavam o abandonando em nenhum momento, mas elas só estavam dando um pouco mais de tempo para ele mesmo. Frederico muito afobado não pensou duas vezes e pegou seu caderno de anotações e seu lápis e começou a escrever. Foram palavras tão pequenas e simples, mas que até hoje o tocam no fundo de sua alma.
"Hoje pensei que todas as minhas vontades e sonhos que venho guardando a tanto tempo chegaria ao fim... estava errado. As palavras estão em mim, como se cada célula de meu corpo necessite delas para sobreviver. Eu também me dei conta de uma coisa, que os escritores, poetas, esses sim são bem mais do que verdadeiros artistas, eles tem o seu dom especial, eu também tenho como eles esse dom especial e não posso abrir mão disso por qualquer coisa, tenho que agarrar isso e não soltar jamais. E assim como as idéias os dons também são, eles podem virar para mim a qualquer hora e dizer "Adeus! eu estou indo embora", por isso não posso esperar, eu tenho que o cultivar cada vez mais, o guardar bem no fundo de minha alma, para que nunca possa o perder. Pois acho que perder um dom dói muito mais que outras coisas. E eu não irei sentir esse vazio tão grande quando as palavras não quiserem colaborar comigo, ao contrário, só irei dar mais tempo a elas, para que me digam novamente um enorme e sorridente "Oiiiii! eu estou de volta".
Frederico se sentiu bem melhor após tem pego seu caderno e seu lápis e escrito pelo menos algo, mesmo que ele não tivesse escrito aqueles belos textos ou aquelas emocionantes poesias que costumava escrever antes. Mas naquele dia aprendeu por si só que não devemos querer tanto de nossos dons, nossa inspiração principalmente, pois eles, eles sim vão dizer "Oi" quando tiverem vontade. E o mais importante, não devemos nos martirizar quando eles derem um tempo para nós, pois cada um sempre terá o seu dom guardado no fundo da alma, só basta o cultivar da melhor maneira.
Após ler o que tinha acabado de escrever, Frederico sentiu uma enorme vontade de complementar com mais algumas palavras, então voltou a pegar seu caderno e lápis, e assim escreveu...
"Memórias de um escritor que se viu quase fracassado antes mesmo de ser conhecido".

Isabelle Dias ;*

10 comentários:

C! disse...

Isa, não sei o que escrevo aqui....
Fiquei sem palavras de verdade, um dos
melhores textos que já li aqui no seu blog.
E como disse lá mesmo "Palavras que tocam o fundo da alma!!"

Amei minha linda ^^

BEIJOS

Lucas disse...

Lindo Lindoo!! demais... sem palavras...

Vivian disse...

...olá minha linda contista!
que maravilha de texto, minina!

quantos Fredericos existem por aí
com palavras presas na garganta,
e só não as soltam por insegurança
do ser?

foi uma honra muito grande recebê-la lá em casa, a qual não é só minha e sim de todos nós blogueiros crônicos...rsss

seja bem vinda quantas vezes quiser...nobre escritora!

muahhhhhhhh

Tata disse...

Oie,

Nossa q legal esse seu texto hein!!!
Adorei!
q Frederico solte suas palavras mais vezes!
bjinho e bom fds pra vc xuxu!

luis lourenço disse...

Menina!

Quanto pesa a sua emoção e impulso?

Entendo o seu empolgamento de publicar esta memória profunda na vida de um escritor tão misterioso.
que é comovente...corrija as gralhas.
Quero acreditar que é uma alma bela...publique um texto/poema seu...apenas um pedido. Vim ao seu blogue através do cantinho suave e inspirador da Vivian...hei.de seguir com mais tempo.

bjinhos

luis lourenço disse...

Por lapso fiz um segundo comentário que ficou no cantinho da vivian...se quiser ter a gentileza de o ler...volte lá...vou linkar seu espaço para fácil acesso...permitir-me-á essa liberdade.

Pétala disse...

Amiga,

belo conto, prende a atenção do começo ao fim e Frederico há muitos, com o dom de escrever ou poetar...basta q deixem a imaginação fluir qdo sentirem vontade.

bjos e um ótimo fds prá ti!

Sensualidades disse...

maravilhos

vou voltar aqui para ler tudo o que escrves

Jokas

paula

Tata disse...

Oie,

Passando pra te dizer que tem um selinho pra vc lá no meu blog!

Espero que goste!
bjinho

Unknown disse...

aaah você tem o Dom Belle...
serio, a cada texto que leio vejo mais e mais que você escreve com a alma, deixa que as palavras tomem conta de ti e transborda emoção!
beijao da Baaah :*